terça-feira, 13 de março de 2012

Perdão.

Desculpem pelo ocorrido com o texto abaixo. Falha técnica que não se repetirá.
Afonso.

Historiador-cronista, cronista-historiador.

Texto adaptado para a abertura do blog e relacionado à aula de Introdução à História, ministrada na segunda-feira(05/03).  
Afonso Bezerra
Estudante  de História na UFPE
Observar o passado sempre é uma experiência fascinante e, ao mesmo tempo, muito complexa. Há muita polêmica envolvida nessa atividade de discutir, contrariar e, sobretudo, divulgar uma expressão sobre, muitas vezes, como se deu esse passado.

Foi no século XIX, quando houve a famosa transformação da História em um conhecimento científico, que nasceu essa preocupação com a forma da narrativa histórica, ou seja, aquela que se dispõe a reconstruir o passado. Os cientificistas de uma Europa positivista, envoltos pela explosão de progresso oriunda da Revolução Industrial, tentaram formular uma estratégia que organizasse esse discurso do passado de acordo com as ambições que tinha para o presente.

Repare que a Revolução Industrial deixou um herança que persiste até hoje na sociedade ocidental e que, depois do processo de globalização e da massificação dos dispositivos do Steve Jobs, o mundo inteiro continua respirando, que é essa atmosfera fanática por certezas absolutasverdades imbatíveis conhecimento verdadeiro. Vale lembrar que a Revolução Industrial é filha ideológica do Iluminismo, aquele movimento intelectual que defendia a idéia de que a razão é o único instrumento que esclarece o homem para o mundo e o encaminha para o progresso.

Observem, mais uma vez, que avançar é um termo que preenche a existência da sociedade moderna e,  curiosamente, ela ainda é uma expressão muito presente na sociedade atual. Essa permanência linguística é bem interessante. Sociedades, por mais que reneguem as anteriores, não conseguem esconder essa inconsciente influência. A linguagem é uma das responsáveis por essa contrariedade. A sociedade medieval, por exemplo, herdou um vocabulário do latim romano, mas aplicou os significados de maneiras completamente diferentes.

Todo esse arrodeio para falar que, por mais cuidado que se tenha com a narrativa, a História não é o passado. Marc Bloch já tinha atentado para isso no trabalho sobre o Ofício do Historiador, dizendo que a História não é uma Ciência do passado, mas uma ciência do Presente que estuda o passado. A História, sem pretensões deterministas, é um mundo aberto e cheio de possibilidades.

Todo Historiador, por mais neutralidade que defenda possuir, não nega as condições éticas que o presente lhe oferece. Isso não significa aptidões ao anacronismo – transferir conceitos e ideias de um tempo para outro -  muito menos a postura infeliz do historiador que faz de seu trabalho um trampolim político, por exemplo, enfestado de pragmatismo.

O profissional que escreve a história é um grande cronista. É aquele que entende o cotidiano, que sente o cheiro, a dor, o brilho do presente e os reconhece pelo retrovisor da vida. São esses elementos que se transformam em fundamentais na hora que o historiador escolhe sua época, como se costuma comentar na academia, para trabalhar e se dedicar a leituras e pesquisas eternas. O historiador é o cronista daquilo que demora a passar, mas também daquilo que passou ligeiro em sua particular velocidade e ninguém deu conta.

Um historiador da escola marxista britânica, chamado Eric Hobsbawm,  costuma comparar a nossa vida com uma viagem num trem bala. Todos olham a janela, mas somente o historiador compreende o que está lá fora. O resto, ironicamente, se contenta com o palpitar do trajeto. O historiador questiona, discorda, percebe, fuça e escreve. Assim, ele tece suas verdades, suas formas, sua identidade e seu passado.

Isso tudo para dizer que o Blog, a partir de agora, está de volta, e com a proposta de simplesmente comentar e conversar sobre a relação do nosso cotidiano e a História. Contamos com as contribuições dos leitores, que são os responsáveis por sempre apontar a inevitável incompletude de quem se dispõe a escrever, seja lá o que for.

Sejam bem-vindos e escrevam suas histórias.

HATCHEPSUT: UMA MULHER FARAÓ

Texto referente às aulas de História Antiga Oriental. 


Por Geison Lopes
Graduando em Direito e professor de História
Hatchepsut, faraó que sozinha constituía um casal régio, tendo a responsabilidade de ser – ao mesmo tempo – “homem e mulher” (23). Uma mulher muito bonita, o cargo que esta exerceu não ocultava toda sua beleza (24). Esta mulher faraó foi uma das principais faraós do antigo Egito. Era muito temida, governava com toda força e poder, Inini dizia:
“Hatchepsut ocupou-se dos assuntos do Egito segundo seus próprios planos. O país curvou a cabeça diante dela, a perfeita expressão divina de Deus. Era o cabo que serve para inçar o norte, o poder onde amarra o sul, era o cabo perfeito do leme, a soberana que da as ordens, aquela cujos planos excelentes pacificam as duas terras quando fala”.(jacq, Christian. As egípcias: retratos de mulher no Egito faraônico.Rio de janeiro. Bertand.Brasil 200.p.75).
Reconhecemos um faraó através de suas construções, seus palácios, seus túmulos e templos. Com Hatchepsut, não seria diferente. Essa mulher foi responsável por varias obras no Egito antigo, sendo conhecida até como “mestre de obras” por Christian jacq.
Reconstruiu o templo de uma deusa-leoa, no médio Egito, e construiu o glorioso templo de Dier al-Bahari, famoso por sua grandiosidade (25) e lugar sagrado, onde pessoas de vários lugares – depois da morte de Hatchepsut - vinham em busca de cura, para os seus males.
O deus Amon-re (26), segundo crhistian jacq, é responsável pelo renascimento da rainha – faraó Hatchepsut. É ele quem vai gerar o novo faraó do Egito
Hatchepsut, mulher linda e poderosa, aparece no templo de Dier Al-Bahari, despida e dançando perante Amon-ré, com os órgãos sexuais à mostra (27). Para nossa sociedade parece algo imoral, mas não para os egípcios. O erotismo fazia parte do cotidiano do casal egípcio. Ainda em Dier al- Bahari, foram encontrados grafitos de uma mulher que aparece em pé,e um homem por detrás, cena que hoje seria muito criticada, para John Romer, trata-se de Hatchepsut e seu amante Senenmut (28).  Percebemos que tanto o homem como os deuses do antigo Egito, estava ligados ao prazer e ao erotismo como afirma, Luiz Manuel de Araujo.
 Hatchepsut não foi a primeira nem a única mulher faraó, outras mulheres conseguiram chegar ao topo da hierarquia do Egito, também como faraó.  Mas, a grandiosidade de Hatchepsut é incomparável.
A historia da mulher egípcia, é marcada de orgulho, de uma sociedade tão antiga, mas que ,que tinha um pensamento quase que livre do preconceito, uma sociedade livre, onde o direito da mulher iguala-se ao do homem, onde a mulher é respeitada e venerada.







(23) ver (jacq, Christian. As egípcias: retratos de mulher no Egito faraônico.Rio de janeiro. Bertand.Brasil 200.p84).
(24) ver (jacq, Christian. As egípcias: retratos de mulher no Egito faraônico.Rio de janeiro. Bertand.Brasil 200.p76).
(25) ver (jacq, Christian. As egípcias: retratos de mulher no Egito faraônico.Rio de janeiro. Bertand.Brasil 200.p89,90,91).
(26) sincretismo do deus Amon e do deus ré.(Manuel de Araujo, Luiz. Estudos sobre erotismo no antigo Egito.Lisboa. colibri 1995. p.20,34,35).